Já olhou seus privilégios hoje?

André Sobreiro
André Sobreiro
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2 min readMar 18, 2021

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Se tem uma coisa que eu sou, é privilegiado. Nasci branco em um país racista. Homem em um país machista. Cis em um país transfóbico. Não venho de família rica, bem longe disso, mas sempre tive uma boa estrutura que me garantia educação, saúde, lazer… Isso, que deveria ser o básico, se a gente lembrar que eu sou brasileiro, é um PUTA de um privilégio.

Ao mesmo tempo sou LGBT, ok sou o G da sigla, mas ainda assim sujeito à homofobia e sou HIV+, uma doença ainda absurdamente carregada de estigmas e conceitos ultrapassados.

Em resumo, sou parte de populações minorizadas, mas ainda assim sou bastante privilegiado. E onde eu quero chegar nisso tudo? Na minha jornada.

Por muito tempo (até demais, eu diria), achei que essas eram questões “pessoais”, que fugiam da minha atuação como ser humano. É uma parte, só. ERRADO!

Ser um LGBT HIV+ é transversal às minhas relações afetivas, sexuais, românticas, profissionais, familiares, sociais. Nenhuma delas passa batido pelo fato de eu ser assumidamente as duas coisas.

E, se não passa, eu não posso deixar. Voltando ao começo, tenho uma boa lista de privilégios e é minha obrigação (sim, é obrigação!) utilizar cada um deles em nome de uma comunidade muito maior do que o meu umbigo e que não tem essas vantagens. Se eu largo na frente na corrida, é minha obrigação pegar pela mão os meus pares e levar junto comigo.

Não existe como separar e eu nem quero. O ideal é que esse privilégio desapareça mas, até isso acontecer, vamos usar ele a nosso favor?

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André Sobreiro
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Vivo de internet e cultura! Edito esse blog, o Salada de Cinema e muito mais coisa por aí!